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  • Foto do escritorLuiz Carlos da Silva

Liderança e Narcisismo

Elogiados, vez ou outra temidos, muitas vezes cruéis.

Estamos impactados por um turbilhão de acontecimentos disruptivos - mudança climática, política de extrema direita, crise econômica, desemprego, tecnologia e doenças. Neste momento o mundo se dobra perante o novo vírus Covid-19; em apenas 12 semanas o vírus se espalhou da China para o resto do planeta. O desespero está presente.


Nestes cenários de alta vulnerabilidade, a nossa ansiedade aumenta. Buscamos apoio, solução e acolhimento em possíveis líderes. Ficamos expostos e nos tornamos presa fácil do carisma, da grandiosidade, da paranoia, do sadismo dos líderes e políticos narcisistas.


Narciso - Caravaggio.


Nosso século será definido como o século do Narcisismo. Das inocentes selfies ao domínio dos atuais políticos e líderes das organizações.

O Narcisismo tem sido objeto de estudo em várias áreas de pesquisa. Muito antes dos primeiros autorretratos de Rembrandt, talvez um dos primeiros selfies, (autorretrato como um jovem - 1634), os gregos já se preocupavam com pessoas que valorizavam demais sua autoimagem e as retratou no mito Narciso.


Narciso era um belo jovem e era objeto da paixão de várias ninfas. Entretanto ele era insensível ao amor. Eco, uma das ninfas apaixonadas, não podia declarar seu amor, pois, fora castigada e só podia repetir as falas alheias. Desprezada por Narciso, Eco morreu de tristeza. Narciso é então castigado. Iria amar sem obter seu objeto de amor. Ao ver refletida sua imagem num lago, ele se apaixona pela própria imagem e deixou-se morrer. No lugar nascera Narciso, uma bela flor.

Pensar em liderança é uma aventura emocional. Esperamos alguém com força, poder e acolhimento. Mas encontramos aqueles que produzem o medo, a manipulação, a sedução e a perseguição. Como Narciso, só enxergam e valorizam a própria imagem.


O historiador Christopher Lasch, em sua obra a "Cultura do Narcisismo", refletiu sobre as sociedades industrializadas que tem como valor predominante o individualismo. Ele conclui que diante de tantas desilusões, perdas e sem esperança, diante da impotência para mudar a burocracia, corrupção e o status quo, as pessoas recuam para as preocupações puramente pessoais. Desenvolvendo um egoísmo exagerado.


Lash define os Narcisistas como sendo pessoas que apresentam uma superficialidade emocional, medo da intimidade, hipocondria, senso de grandiosidade, falta de empatia e destrutividade. Os narcisistas são ácidos nas relações, quando não se sentem o centro do universo, partem para a humilhação, para a submissão e a dominação.

O lado doentio do Narcisista aparece aos poucos. No início age de forma sedutora e controladora. Para atingir seus objetivos pode tomar decisões arriscadas, antiéticas e pode colocar uma organização em grande risco. Desonestidade e infidelidade são marcas do seu comportamento.


Trabalhar com um gestor narcisista requer energia e resiliência. Você terá sua integridade e autoestima atacadas em vários momentos. Não espere empatia, colaboração nem justiça. É um transtorno de personalidade que exige tratamento. Eles se sentem especiais e para atingir seus objetivos podem ser agressivos e desleais. Superficialmente confiantes, eles vivem sob profunda insegurança e vulnerabilidade.


Na política temos sido vítimas de narcisistas de diferentes ideologias (comunismo, liberalismo) que tem em comum a desonestidade, o egoísmo e a manipulação. Conhecer um pouco sobre este transtorno de personalidade, pode nos ajudar a identificá-los previa e preventivamente.

Kets de Vries em seu excelente artigo para a Harvard Business Review, comenta:

Para lidar com pessoas com esta personalidade destrutiva, o trabalho em equipe e o autoconhecimento podem trazer excelentes resultados.

Tente:

1. Atue em equipe com fortes laços de união: isto criará uma pressão para que o narcisista se adapte ou tolere o trabalho em equipe.

2. Use o poder da equipe para promover feedback: Para os narcisistas o feedback é uma severa ameaça. Mas ele terá a oportunidade entrar em contato com suas características e ele não poderá se vingar, pois, a opinião vem de um grupo.

3. Crie um espaço de franca comunicação: eles terão a oportunidade de aprender a desenvolver confiança, aceitar feedback e entrar em contato com a sua personalidade.

4. Confrontar o narcisista através da equipe: ele terá a chance de experimentar o poder das pessoas, quando estas estão agindo em grupo. Ele entrará em contato com as suas fraquezas e limitações.


É desafiador lidar com líderes com este tipo de personalidade. Muitas vezes eles não suportarão a força de uma equipe e podem deixar a organização. Mas a maior preocupação de um gestor deve ser manter as equipes fortalecidas, mesmo que o preço seja perder uma “estrela”.



Nota:

Recomento a leitura do livro a Cultura do Narcisismo - Christopher Lasch.

Para aqueles que querem conhecer mais sobre este transtorno, como sua origem e etiologia, recomendo a leitura da obra de Freud.

Em 1910, Freud introduziu o termo narcisismo no discurso psicanalítico para se referir à escolha sexual dos invertidos, como eram chamados os homossexuais na época.

Em 1914, ele articula o conceito psicanalítico do narcisismo com o desenvolvimento infantil e com os investimentos libidinais.

FREUD, S. [1914]. Sobre o narcisismo: uma introdução. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas. 1. ed. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v. XIV, p. 85-119.

Malignant Self-love: Narcissism, Narcissus Publications; Edição: 10

Sam Vaknin's classic.

Kets de Vries ( 2017) ; How to manage a Narcisist;. Harvard Business Review


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